História

O Ashrama foi criado em 17 de março de 1974, pelo astrólogo e teósofo, José Francisco Nogueira Tupinambá, de nome iniciático Okal, após demorada observação pessoal dos meios espirituais desta nação. A Ordem Esotérica surge com a finalidade primeira de transmitir a quem necessite ou deseje, vários tipos de ensinamentos, capazes de serem assimilados por pessoas com diversos níveis de entendimento, nas formas externa (exotérica -personalidade) e interna (esotérica - espiritual), proporcionando um caminho para o autoconhecimento e a sua preparação e iniciação espiritual. À época, Okal explicou em seus textos os objetivos e as bases teosóficas do trabalho que iniciara e a razão de criar esta nova Ordem.

“Por muito tempo, vinha observando que as pessoas, em geral, sofriam com a falta de informações reais a respeito do esoterismo. Não possuíam acesso à verdades mais amplas e objetivas que lhes pudessem ajudar na resolução dos seus problemas de cunho interno (espiritual), para que daí pudessem chegar à solução dos próprios problemas externos (personalidade). Eu via que os meios que davam acesso a essas informações sobre os conhecimento esotéricos eram irrisórios, falsos ou desinformados, ou ainda carentes de qualquer meio com finalidade objetiva de evolução maior. Ora, isto fazia e ainda faz com que essas pessoas sofram, se desesperem, percam tempo e, mais ainda, terminem desencantadas com as lides ditas espirituais. Era patente que o sistema pseudamente chamado esotérico em nosso país, estava e ainda está carente de um trabalho mais profundo,” explica Okal.

Para fins didáticos, ele ressaltou ainda a existência de três grandes grupos de percepção que estariam sem informação adequada: os provacionistas, que estão na linha de resgates cármicos maiores e buscam informações para enfrentar as suas batalhas internas e externas, os discípulos, que já tendo passado por isso estão prontos para o Caminho do Discipulado, e por último, os iniciados, que trabalham de forma consciente para a Grande Fraternidade Branca-GFB (Mestres Ascensionados). Esses três grupos também podem ser representados em analogia simbólica, pelo bom ladrão, o mal ladrão e Jesus, no ato da crucificação.

Também em escritos de 1974, Okal critica a falta de formação dos líderes, pessoas realmente conscientes que trabalhavam nas casas espirituais desta época. “Além disso, há a falta de livros objetivos que deem aos buscadores da Verdade informações sem traços devocionais, os conhecimentos repassados sobre esoterismo, astrologia, magia e outras formas ilusórias supostamente ditas como espirituais são incipientes, na verdade só fazem tirar aquele que as busca do seu verdadeiro Caminho”.

Okal vai além e fala da sua motivação pessoal para o trabalho:

“Não recebi nenhuma “ordem”, de Mestre algum, nem nenhuma “inspiração” de espíritos quaisquer, apenas decidi pôr em prática aquilo que meu Mestre interno me deu, me dava e me dá. Acredito que o SERVIR é uma de minhas obrigações para comigo mesmo, além de ser um dos itens da GFB (Grande Fraternidade Branca) a quem por livre eleição, tenho-me como seu participante e ajudante.Sei que este tipo de trabalho se encaixa perfeitamente no PLANO e que portanto tem a aprovação não só do meu Mestre como da GFB. As dificuldades que disto advir para mim é o preço o trabalho e que é natural. Portanto, é dentro do maior prazer que decidi realizar este trabalho”.

A representação do Feminino no Ashrama

Em sua primeira etapa, a Ordem teve em seus fundadores os dois pilares de sustentação, representados pelo masculino Okal e pelo feminino, Alice Domenech Tupinambá, cujo nome iniciático é Agneya.

Agneya atuava no Ashrama como secretária, proporcionando a expressão simbólica do feminino por meio do acolhimento a todos os membros e demais pessoas que recorriam à Ordem.

Agneya relembra as diversas fases do Ashrama como necessárias ao amadurecimento do trabalho. Segundo ela, sua criação teria sido marcada pelo atendimento à distância, realizado por meio de cartas, no período em que a família ainda morava no Rio de Janeiro. Tempo em que ela era responsável por fazer a triagem do material recebido e também por remeter as respostas para todo o Brasil. Somente muito tempo depois, quando a ordem esotérica já havia produzido os jornais O espiritualista e também iniciara cursos de membro-adepto (Teosofia) e Astrologia, foi que veio o convite para que mudassem para o Ceará, construíssem uma sede maior e assim iniciassem os atendimentos presenciais. Ela revela que em todas as fases, a Ordem existiu como um apoio importante para a jornada do autoconhecimento.

“Quando essas pessoas nos procuravam, chegavam ansiosas e também esperançosas. Buscando questões que muitas vezes estavam no interior de cada uma delas. A primeira coisa que eu fazia era acalmá-las, conversava com elas embaixo de uma mangueira enorme. Naquele momento elas iam se tranquilizando, entrando em contato com elas mesmas e só depois elas entravam para o atendimento. O trabalho do Ashrama sempre foi essa acolhida, essa reintegração das pessoas com elas mesmas e essa possibilidade de esperança, de interiorização. Eu me sentia na época extremamente útil, aliás como me sinto até hoje no trabalho que realizo na Revarte (ONG fundada por ela há 24 anos que resgata valores de crianças e adolescentes por meio da arte)”, revarte.org.br explica Alice Domenech, aos 81 anos de idade.